Ellen de Lima nasceu em Salvador (BA), no ano de 1938, e ainda na infância mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro. Antes de completar a primeira década de vida a artista já participava de programas de calouros. No primeiro deles se apresentou imitando a cantora Heleninha Costa. No ano de 1954 foi contratada pela gravadora Columbia, onde gravou seu primeiro 78 RPM. Permaneceu na Columbia até o fim da década, gravando vários compactos. Em 1960 migrou para a RCA Victor, onde também gravou compactos e um LP. Posteriormente, teve gravações pela Chantecler e Odeon. A cantora foi contratada da Rádio Nacional e participou do que hoje chamamos da Era de Ouro do Rádio no Brasil. Em sua carreira houve um hiato de gravações entre as décadas 1970 e 1980. O retorno ao disco ocorreu em 1991 com o projeto As Eternas Cantoras do Rádio, produzido por Ricardo Cravo Albin e que reuniu Carmélia Alves, Nora Ney, Violeta Cavalcanti, Zezé Gonzaga, Rosita Gonzales e Ellen de Lima. Com longeva carreira a artista participou e foi testemunha ocular de diversos momentos da nossa história musical e é essa trajetória que ela apresenta nesta entrevista para o projeto A Música de: História pública da música do Brasil.

Nesta primeira parte de sua entrevista, Ellen conta como iniciou sua carreira artística no programa Papel Carbono, da Rádio Nacional, fazendo uma “cópia” de Heleninha Costa. Ela ouviu sobre as inscrições no programa de calouros quando estava no Parque São Geraldo, e pediu seus pais que a inscrevessem. A partir daí, a cantora foi se apresentando em outros programas até ser contratada pela Columbia para fazer sua primeira gravação. Ellen descreve um pouco de sua relação com a mãe: além do apoio constante, ela sempre lhe acompanhava em suas apresentações. A cantora foi contratada como atriz e cantora pela Rede Globo, após ter atuado em alguns trabalhos, inclusive ao lado de Fernanda Montenegro. Foi Princesa do Rádio no mesmo ano em que sua amiga, Doris Monteiro, foi coroada Rainha do Rádio. Finalizando esta primeira parte, Ellen comentou sobre a Revista do Rádio – em certa edição ela estampou a capa ao lado de Roberto Carlos – e as inúmeras matérias que saíram sobre sua carreira.

Na segunda parte de sua entrevista, a artista comenta sua relação com outras cantoras da Era do Rádio, como Isaurinha Garcia e Ângela Maria. Além disso, ela explica a influência de Dolores Duran em sua carreira e como eram as gravações ao vivo, sem os recursos tecnológicos que existem hoje. O Clube do Guri também foi comtemplado nesta parte da entrevista, pois Ellen descreveu um pouco de como era a dinâmica do programa. Em seguida, ela explica sobre sua participação no álbum “As Eternas Cantoras do Rádio”, gravado em 1991. Ellen considera que foi uma benção ter convivido com Nora Ney, que faz parte de sua história. A cantora contou sobre um episódio em que tinha uma viagem agendada para se apresentar em São Paulo, porém não cumpriu o contrato, porque a pessoa encarregada pela gravadora de organizar a viagem não tinha comprado passagens para sua mãe. Finalizando este bloco, a artista descreveu sua participação no filme America di Notte, gravado em 1961 no Copacabana Palace.

A última parte da entrevista inicia com a cantora explicando que nunca foi da Bossa Nova, mas que aplaudiu o movimento. Em sequência, ela expôs como era o processo para ser contratada por uma gravadora, principalmente a respeito da questão financeira. Ellen apresentou o programa “Cantinho da Baiana”, em que entrevistava outros artistas. Depois, ela contou como conheceu seu marido, em uma casa de shows, e o caminho que fizeram juntos até decidirem se casar e serem pais de três filhos. A partir destes fatos, Ellen decidiu fazer uma pausa na carreira para se dedicar à família que estava construindo, o que justifica o hiato em suas gravações. A artista explicou que quer ser lembrada como uma cantora do rádio que conseguiu alcançar outros nichos, como teatro e televisão. Finalizando sua entrevista, ela comentou sobre novos projetos e o cenário para tais possibilidades.