“Sim, sou um negro de cor”: Wilson Simonal e a afirmação do Orgulho Negro no Brasil dos anos 1960
Autor(a)
Bruno Vinícius Leite de Morais
Orientador(a)
Miriam Hermeto
Instituição
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais
Tipo de pesquisa
Mestrado
Data de defesa
08 de setembro de 2016
Como você resumiria sua pesquisa em uma frase?
A partir da análise da polêmica figura do cantor Wilson Simonal, a pesquisa problematiza a afirmação pública do orgulho negro e denúncia do racismo no Brasil em um ícone da cultura pop posicionado à direita no espectro político.
Qual a questão central da sua pesquisa?
A questão central da pesquisa é o tema de raça e racismo, com a compreensão e denúncia do racismo no Brasil em um contexto no qual, conforme o historiador Petrônio Domingues, a discussão racial no Brasil estava em “refluxo”, embora em grande efervescência internacional: a década de 1960. Este tema é abordado a partir de um cantor no auge do sucesso comercial, situação que permitia maior difusão de sua fala pública – em entrevistas e canções – sobre a situação política do país, vivendo uma ditadura, e também da situação racial.
Que fontes e métodos você utilizou?
As principais fontes mobilizadas foram a produção fonográfica produzida por Simonal (Discos compactos e elepês) entre 1961 e 1971, fonogramas exemplares correlatos (Samba, MPB, Jazz, Blues e Soul) e entrevistas e reportagens em periódicos (revistas e jornais) do período.
Quais foram suas principais conclusões?
As principais conclusões da pesquisa foram que no período estudado, uma reflexão sobre temas raciais era veiculada no Brasil através de entrevistas e canções do cantor Simonal, questão que angariava maior relevância por ser um período de pouca repercussão pública sobre o racismo no Brasil. A leitura e interpretação sobre a realidade racial brasileira feita por Simonal fora articulada a partir das experiências de racismo vividas por ele no decorrer sua trajetória pessoal, experiência que possibilitou a divergência de sua leitura em relação ao argumento oficial do Estado brasileiro, sobre inexistência de racismo no Brasil. A leitura sobre o racismo de Simonal, porém, reencontrava a argumentação do Estado ao propor uma resposta conservadora ao problema do racismo, distanciando das propostas à esquerda. Uma leitura, portanto, que evidencia a elaboração de argumentação antirracista de natureza liberal conservadora.
Onde podemos ler seu trabalho?
Está disponível na biblioteca eletrônica da UFMG pelo link: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUOS-AQRFHY
Cite cinco das suas principais referências bibliográficas.
- ROSANVALLON, Pierre. Por uma história do político. São Paulo: Alameda. 2010.
- HERMETO, Miriam. Canção popular brasileira e ensino de História: palavras, sons e tantos sentidos. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
- SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
- TODOROV, Tzvetan. Nós e os outros: a reflexão francesa sobre a diversidade humana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
- ALVES, Amanda Palomo. O Poder Negro na Pátria Verde e Amarela: Musicalidade, Política e Identidade em Tony Tornado (1970). Mestrado em História – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010