MARKINHOS MOURA
Markinhos Moura é o nome artístico de Marcos Sampaio Moura. Nascido em Fortaleza em 13 de junho de 1962, o cantor não teve influências artísticas familiares. Foi projetado artisticamente na década de 1980. Markinhos é intérprete de sucessos como Meu Mel e Anjo Azul. Sua voz foi considerada muito similar à de Elis Regina. Em uma conversa descontraída, Markinhos compartilha nessa entrevista para o A Música De, seu trajeto artístico no teatro e na música, o enfrentamento de preconceitos e violências, e nos brinda com a resistência de alguém que apesar dos pesares, insistiu em viver da arte.
Escute Markinhos Moura
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Cara de Durão é uma canção composta por Céceu que abre o disco Avesso, primeiro LP de Markinhos Moura que foi lançado pela gravadora Copacabana em 1983.
- Anjo Azul foi cantada de Norte a Sul do Brasil. A canção da nome ao disco lançado por Markinhos Moura em 1987 pela Polydor. A música é uma composição de Paulo Debétio, Paulinho Resende e Norival di Paula.
- No disco Mulheres e Canções(2011) Markinhos Moura faz vários duetos com cantoras de diferentes gêneros musicais como Vânia Bastos, Maria Alcina, Jane Duboc e Amelinha. A Música de abertura é A Feminina Voz do Cantor uma parceria de Milton Nascimento e Fernando Brant.
O ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA MARKINHOS MOURA
PARTE 1/5
“Uma das primeiras imagens, assim, que vem à minha memória, vendo a TV do meu muro, era que a Bibi Ferreira tinha um show, era um programa de TV chamado Bibi Ferreira Show. E quando eu vi aquele programa e aquela mulher que eu não sabia quem era, aquilo me encantou. Então acho que isso foi um start, para eu querer ser algo ligado àquilo”. É com essas palavras que Markinhos Moura relembra, nesta primeira parte da entrevista, o despertar de uma vontade de ser artista ainda na infância, vivida na década de 1970, em Fortaleza, no bairro Aldeota. O contato com a televisão, depois que uma vizinha próxima adquiriu o aparelho, fez surgir um interesse em ser como aqueles artistas que se apresentavam naquela caixa. Daí começaram as cantorias pela casa, especialmente na cozinha, onde o artista alega ter sido um de seus lugares favoritos. Sua infância e juventude foram sofridas e permeadas por violências pelo fato de pertencer a uma família rígida que não viu com bons olhos sua vontade de tornar-se artista, uma vez que naquele tempo, ser artista se associava à vadiagem, à “viadagem”- termo usado por Markinhos – entre outras definições pejorativas e preconceituosas. As mulheres da família eram suas inspirações, já que não conseguia se ver no modelo masculino com o qual convivia. Em suas lembranças, a avó ocupa um lugar especial. Foi ela sua maior apoiadora, a pessoa que impulsionava seu lado artístico. Nessa primeira parte, o artista relembra, ainda, sobre sua incursão no teatro, onde começou a cantar, sobre a censura no período da ditadura e sobre as primeiras participações em festivais de música. Conta, por fim, das viagens, dos bastidores e do começo do seu “ser artista”, e enfatiza sobre o preconceito que sofria no ambiente familiar, os assédios e os abusos.
PARTE 2/5
Na segunda parte, Markinhos fala sobre a mudança para o Rio de Janeiro na década de 1980 e relata a vida conturbada dos pais, que brigavam muito. Seu testemunho revela aspectos muito particulares de abuso e violência do pai com a mãe Foi ele que ajudou a mãe a sair daquela situação, incentivando que ela partisse em busca de sua felicidade. O preconceito do pai que bebia muito impossibilitou que Markinhos permanecesse morando com ele por muito tempo, e logo houve um rompimento. Desde então, ele conta que sua vida nas artes teve um progresso significativo no Rio de Janeiro. Começou a fazer peças em escolas, foi morar com uma amiga, e também passou a cantar em bares nos finais de semana. Nessa época de sua juventude na zona norte do Rio de Janeiro, começou a fazer seu networking, e participou de programa de televisão, como o Fantástico, ficando conhecido por sua voz muito semelhante à de Elis Regina. Nesta parte, ainda, o artista compartilha seus processos de gravação em estúdios, e a repercussão de seus discos nos canais de televisão. Em suas palavras, as pessoas o reconheciam como uma “encarnação de Elis”.
PARTE 3/5
Na terceira parte da entrevista Markinhos conta sobre seu trabalho em estúdio e sobre a produção de Jorge Gambier, quando gravaram com músicos da própria Elis Regina. Ao falar sobre sua interpretação, o artista compartilha como se emocionou ao ouvir sua voz porque o disco ficou muito parecido com algo que a Elis poderia fazer. Fala, também, sobre o contrato com a gravadora Copacabana e os shows que a gravadora investiu. Um marco de sua trajetória como cantor foi a gravação das músicas Meu Mel (1987) e Anjo Azul (1987), grandes sucessos de sua carreira. Seus discos foram sucessos de venda, mas relata que os lucros não foram repassados de forma justa. Nessa época, Markinhos migrou para a Polygram/Polydor, participando de outra grande gravadora do momento. Por fim, nessa parte, ainda, o artista conta como passou a impor sua vontade nos processos de criação, desde as capas até a performance, revelando a relação com as gravadoras, que controlavam, em grande medida, o trabalho do intérprete. Sua vontade de mudança e de atuar com mais liberdade, fez com que Markinhos se desvencilhasse do protótipo que as gravadoras buscavam, e foi então que ousou posar nu para uma capa de disco, prática que outros artistas já haviam feito.
PARTE 4/5
PARTE 5/5
“No meu momento, na década de 1980, quando eu surgi, eu sei que eu sou um dos melhores. E eu falo isso sem medo, sem nada”. É assim que Markinhos se reconhece como artista, e que atribui valor à sua trajetória. Nessa parte, ele compartilha que gostaria de ser lembrado como um artista que deu e continua dando o melhor de si no teatro e na música. E que foi a televisão que o projetou, de modo que lhe chegaram relatos de que muitas vidas foram transformadas por sua arte. Por fim, ao compartilhar seu olhar sobre o campo brasileiro musical, Markinhos avalia que a qualidade das vozes decaiu e que nem todos que se denominam artistas, de fato, o são, e fala sobre sua relação com o teatro.