LUIZ CLÁUDIO RAMOS
A vida de Luiz Cláudio Ramos é musicada desde cedo. Nascido no Rio de Janeiro, ainda criança admirava seus pais tocando violão e piano na sala de sua casa em Santa Teresa e no apartamento de Copacabana. Uma família verdadeiramente musical, além dos pais e tios que tocavam instrumentos, seu irmão mais velho Carlos José era cantor profissional. Nesse caldeirão, embarca na aventura de tocar ao lado de grandes nomes da música brasileira, abandonando o curso de medicina logo em seu segundo ano. Tocou desde cedo com Sérgio Ricardo, Elis Regina, Wilson Simonal, Eliana Pittman, Fagner, entre outros. Na década de 1970, integrou “A Brazuca”, capitaneado por Antônio Adolfo. Na década seguinte, firma parceria com Chico Buarque, assinando os arranjos e a produção musical de seus shows. Instrumentista, compositor, arranjador, produtor e maestro: essas são as memórias de Luiz Cláudio Ramos para A Música De.
Escute Luiz Cláudio Ramos
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Âmbar, faixa que abre o álbum Dois Irmãos, feito em parceria com Franklin da Flauta e lançado em 2011.
- Odete, na voz de seu irmão, Carlos José, e participação de Chico Buarque, do álbum Musas da Canção, de 2015.
- Santo Amaro, canção de seu álbum da série Música Popular Brasileira Contemporânea, gravado em 1980 pela Philips, e com letra de Aldir Blanc.
A ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA LUIZ CLÁUDIO RAMOS
PARTE 1/3
Na primeira parte de sua entrevista, Luiz Cláudio Ramos conta sobre suas influências musicais, que iam do clássico ao popular. Também discorre sobre como a música estava presente em sua vida desde cedo. Sua mãe tocava piano; seu pai, violão. Na sala de sua casa no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro, ouviu Lamartine Babo, Dorival Caymmi, Noel Rosa, Ernesto Nazareth nas vozes de seus pais e de seu irmão, o cantor Carlos José, sua primeira influência na carreira musical. Não à toa, sempre pensou em ser músico, fazendo parte de trios de samba jazz em meados dos anos 1960. O músico relembra seu início, através da peça “O Coronel de Macambira”, tocando ao lado de Sérgio Ricardo. De lá, desenvolve um arranjo para uma canção de Sérgio Ricardo, no Festival de Niterói. Luiz Cláudio vai ficando cada vez mais conhecido no meio musical e trabalha ao lado de grandes artistas, como Elis Regina, Jhonny Alf, Eliana Pittman, Wilson Simonal e Antônio Adolfo. Seu trabalho intenso em gravações para diversos músicos fez com que a faculdade de medicina fosse deixada de lado. Por fim, recorda sobre os arranjos de “Manera Fru Fru, Manera”, sucesso na voz de Fagner, e do trabalho junto a banda “A Brazuca”.
PARTE 2/3
A vida de Luiz Cláudio Ramos durante a ditadura militar brasileira é o tema que inicia a segunda parte de sua entrevista. O músico recorda de amigos que sofreram com a prisão, tortura e morte por meio do governo militar, além de seu relacionamento com pessoas próximas de organizações que combatiam à ditadura. Em meio a isso, discorre sobre seu trabalho nas principais gravadores do período, como Odeon, RCA, CBS e Continental. Após seu trabalho com “A Brazuca”, forma um grupo para acompanhar Elis Regina em uma série de shows. Já com o Quarteto em Cy, trabalhou nos arranjos de “Antologia do Samba Canção”, lançado em 1975. Entre gravações com Geraldo Vandré e Mick Jagger, grava seu primeiro long play, pela Phillips, a partir da série Música Popular Brasileira Contemporânea, em 1980. Por fim, lembra dos primeiros trabalhos com Chico Buarque, na gravação da canção “Bárbara”, em 1973, elaboração de harmonias para o show “Maria Bethania e Chico Buarque”, o programa de televisão “Chico e Caetano”, e assumindo a produção e os arranjos de Chico a partir de “Para Todos”, gravado em 1993.
PARTE 3/3
Na terceira e última parte de sua entrevista para A Música De, Luiz Cláudio Ramos destaca sua parceria com Chico Buarque, assim como do processo criativo de ambos. Também relembra momentos das turnês com o artista, em especial a realizada entre 2022 e 2023. Seus álbuns mais recentes também são lembrados, como “Dois Irmãos”, em parceria com Franklin da Flauta e financiamento da FUNARTE, assim como “Musas da Canção”, gravado junto a seu irmão, Carlos José, em 2015. Também destaca os trabalhos anteriores junto a seu irmão, como no álbum de 1974. A música de Luiz Cláudio Ramos alcança a televisão, a partir das trilhas de telenovelas, como “O Cafona” e “Véu da Noiva”, além de trabalhar em programas como “Som Livre Exportação” e “Elis”. Ela chega aos cinemas, com a trilha de filmes e documentários, como “O Sonho de Rose” e “Vinicius”. Por fim, debate sobre as relações entre redes de comunicação e a ditadura militar, o impacto da internet na gravação, a desvalorização de grandes artistas pelas plataformas digitais, e seus projetos de futuro. Finaliza destacando ser um idealista, como um músico deve ser, e aponta para a necessidade em olhar para os músicos e compositores que existem no Brasil.