AMILTON GODOY
“A gente vai ouvindo aquilo tudo, e aquilo vai formando, vai despertando o interesse, sua acuidade auditiva, seu senso de observação de som”, é assim que Amilton Godoy conta de que forma, desde a mais tenra idade, a música tornou-se central em sua vida. Nascido em 2 de março de 1941 em Bauru (SP), o artista cresceu em um lar de pessoas voltadas à música, e se durante algum tempo foi para a música erudita que ele dedicou horas e horas de estudo, durante a adolescência, sua carreira na cena musical se fez, também, pela incursão no mundo da música popular. Nesta entrevista, conhecemos um pouco da trajetória de um dos mais talentosos pianistas do Brasil, seus parceiros de caminhada e também a história do Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM), do qual Amilton é fundador, diretor e também professor.
Escute Amilton Godoy
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Garota de Ipanema, sucesso de Tom Jobim e Vinicius de Moraes foi gravada no disco de estreia do Zimbo Trio, lançado em 1964 pela RGE.
- Samba do Perdão, canção de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. A música abre o disco Elizeth e Zimbo Trio Balançam na Sucata(1969). O disco lançado pela Copacabana faz parte de trajetória de profícua da parceria de Elizeth com o Zimbo.
- Zimbo Convida Sebastião Tapajós(1982), disco lançado pelo selo Clam/Continental onde podemos ouvir Sincopado uma parceria de Sebastião Tapajós, Luis Chaves e Amilton Godoy.
O ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA AMILTON GODOY
PARTE 1/6
Na primeira parte de sua entrevista, Amilton Godoy compartilha que nasceu em uma casa em que a música era feita ao vivo. Em uma família de músicos, de pais, tios e primos que dominavam diferentes instrumentos, o pequeno Amilton teve sua primeira formação musical em Bauru (SP), onde ouvir música era parte do cotidiano familiar. As demais influências vieram, também, do rádio, que era ouvido por todos, sobretudo a música erudita. Daí “brotaram” mais três músicos, ele, e os irmãos Adylson e Amilson Godoy, que também se inclinaram para a música. Amilton conta, também, nessa primeira parte, sobre a chegada do piano em sua casa, e como ele começou a se interessar por esse instrumento, estudando com diferentes professores. Ele ainda fala que por volta de seus treze anos, a música já era muito importante, sendo uma prioridade em sua vida desde então, quando começou a tocar em orquestras e conjuntos, e a receber algum dinheiro por isso. Já por volta dos 16 anos, passou a frequentar aulas de piano na capital paulista, e participou sendo um dos finalistas do 1º Concurso Nacional de piano Eldorado, que ocorreu em 1960, do qual ganhou uma Menção Honrosa. Nomes influentes da época, ao reconhecerem o talento do menino, ajudaram o início de sua carreira na música, e o jovem Amilton mudou-se para São Paulo para, de fato, dedicar-se integralmente ao estudo do piano.
PARTE 2/6
Amilton recorda os primeiros concursos de piano que participou na década de 1960, os quais ficou classificado entre os primeiros lugares, e conta que se dava muito bem tocando música brasileira, mesclando com a música erudita. Nessa parte também relembra suas primeiras gravações e o reconhecimento dos pares e colegas. Uma virada do início da carreira foi quando formou, ao lado de Luis Chaves e Rubinho Borsatti, o Zimbo Trio. Outra lembrança que o artista compartilha é a de quando tocava acordeon em um programa de calouros nos domingos de manhã, na Rádio PLG-8, de Bauru (SP), e escutou a música Chega de Saudade, de João Gilberto. Uma lembrança forte sobre a sensação de ouvir aquele violão. Por fim, Amilton relembra do primeiro disco do Zimbo Trio, gravado em 1964 pela gravadora RGE, e sobre a proposta de o disco trazer uma música brasileira instrumental que teve ampla aceitação e repercussão. O disco ficou seis meses em primeiro lugar nas paradas de sucesso no Brasil. Desse sucesso vieram os discos É tempo de Samba, Zimbo Trio + Cordas Vol I, gravado pela RGE em 1967, e Vol II em 1968, e Zimbo Trio + Metais, gravado pela RGE em 1969.
PARTE 3/6
A terceira parte inicia com Amilton falando sobre o contrato do grupo com a gravadora RGE, as parcerias que o grupo teve e a transição para a gravadora Philips, na qual gravaram, por exemplo, o disco O fino do fino do fino: Elis Regina e Zimbo Trio (1965). O artista também conta sobre o processo de produção dos discos, as escolhas dos artistas, e sobre o disco mais marcante, o primeiro, que contou com a faixa da música Garota de Ipanema, um clássico. Fala, ainda, sobre o trabalho e a relação de amizade com Elis Regina, que frequentava sua casa. A primeira viagem internacional do Zimbo também é relembrada por Amilton, e papel do grupo no programa O Fino da Bossa.
PARTE 4/6
PARTE 5/6
Nesta parte da entrevista, Amilton comenta suas impressões a respeito das diferenças entre a cena musical carioca e paulista, sobre o trabalho na gravadora Philips, na década de 1970, e sobre o disco Zimbo (1976), que contou com a produção de Manoel Barenbein e Hector Costita. Relembra, também, como foi a censura durante a ditadura militar, contando que o disco Zimbo Convida Sebastião Tapajós (1982), lançado pela Clam/Continental, sofreu interferência da censura por não possuir letra. Amilton conta, ainda nessa parte, sobre a fundação do Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM), na década de 1980, que surgiu pela demanda que o Zimbo tinha, por parte das pessoas, que gostariam de aprender a tocar os instrumentos dominados pelos seus membros. Houve a produção de material paradidático para o ensinamento e o Clam tornou-se uma escola de ensino musical de referência, que abrigou diferentes profissionais e formou muitos alunos ao longo de décadas. Houve também uma parceria com a gravadora Continental e a criação de um selo musical, por meio do qual diversos artistas foram lançados, tendo a oportunidade de apresentar seus trabalhos.
PARTE 6/6
Entre as memórias que Amilton revive na última parte da entrevista a parceria mais recente, com a compositora e artista Léa Freire, e o trabalho desenvolvido com ela no Brasil e no exterior. Amilton comenta outros trabalhos do Zimbo Trio, o desfecho do grupo, algumas histórias de bastidores de uma vivência musical com outros colegas, e os trabalhos que vieram após o término do Zimbo Trio, quando se abriu para a novos caminhos e possibilidades no universo musical. Por fim ele responde como vê a música brasileira nos dias atuais e como gostaria de ser lembrado na história da música brasileira.