WANDA SÁ
Wanda Sá é uma cantora, compositora e instrumentista brasileira. É um dos grandes nomes da Bossa Nova. Nascida em 1939, em São Paulo. Mas foi no Rio de Janeiro onde viveu a maior parte de sua vida que consolidou sua trajetória artística. Sendo uma das figuras-chave da segunda geração do movimento bossanovista. Sua trajetória é marcada por interpretar grandes sucessos e por estabelecer parcerias com nomes como Roberto Menescal, João Gilberto, Ronaldo Bôscoli, João Donato e Carlos Lyra. Nesta entrevista concedida ao A Música de, a artista compartilha um pouco de seu percurso musical e a repercussão de seu trabalho no Brasil e no exterior.
Escute Wanda Sá
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Vagamente parceria de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli que da nome ao disco de estreia da cantora. Lançado em 1964 para gravadora RGE.
- O disco Softly foi lançado pela Capitol Records em 1966. Entre as canções interpretadas por Wanda Sá está Água de Beber, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Na versão do disco a cantora mescla a letra da versão em Português com e versão em Inglês.
- Bossa Sempre Nova (2022), no disco lançado pela Biscoito Fino Wanda Sá vasculha o Baú da Nossa Nova e interpreta canções que nem sempre recebem o destaque merecido. Dois dos exemplos são as canções O Nosso Olhar (Sérgio Ricardo) e Ouça (Maysa)
A ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA WANDA SÁ
PARTE 1/3
Nesta primeira parte da entrevista, Wanda Sá conta que apesar de viver no Rio por quase toda a vida, é paulista, nascida na Maternidade de São Paulo. Descreve a família materna como festeira e animada, que se reunia em São Paulo nas férias para dançar e tocar piano, mas que não havia nenhum músico propriamente dito. Sua relação com a música começou através do Balé, que praticou desde os seis anos. Foi depois de ter visto Inezita Barroso tocar violão na televisão que ela ficou fascinada e decidiu largar o balé para iniciar aulas de violão. Uma lembrança especial foi quando, aos quinze anos, ouviu a música Chega de Saudade, na voz de João Gilberto, em um radinho de pilha, e ficou curiosa para saber quem eram as pessoas que cantavam a tal “Bossa Nova”. Passou a ir nas reuniões de músicos que ocorriam na época, nas Pedras do Arpoador, e lá conheceu Roberto Menescal. Wanda Sá foi professora na acadêmica de Violão de Roberto Menescal e Carlos Lyra. Foi em um programa de Luiz Carlos Miele que Wanda Sá se apresentou pela primeira vez. Na época, Benil Santos, que era produtor da RGE, quis logo gravar com ela, viabilizando a gravação de Vagamente (1964), disco produzido por Menescal, que trazia a junção de compositores e instrumentistas que se vinculavam as duas gerações do movimento bossanovista, como Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Francis Hime e Edu Lobo; Nessa primeira parte, a artista também relembra os colegas da Academia de Violão, como Nara Leão, de quem foi amiga muito próxima, e que após as aulas todos se reuniam para esperar João Gilberto. Conta, ainda, que na época as festas eram feitas nas casas, e que Vinícius de Moraes sempre dava festas para o pessoal se reunir para tocar e cantar juntos. Por fim, compartilha sobre os bastidores de suas primeiras gravações, sobre o contrato com a Capital Record, quando gravou o disco Softly (1966), e como foi a experiência nos Estados Unidos até a volta ao Brasil.
PARTE 2/3
Wanda Sá conta na segunda parte da entrevista como era viver em um ambiente artístico predominantemente masculino. Apesar de compor, a artista fala que sempre preferiu interpretar músicas dos colegas, mas que sempre teve uma boa parceria para compor com Menescal. É nessa segunda parte que ela também fala sobre a pausa na carreira, em razão da família, quando passou a se dedicar inteiramente ao marido, Edu Lobo, e aos filhos. Foi na década de 1990 que retomou a carreira, ocupando um lugar que ainda era seu, quando o casamento já havia chegado ao fim. Esse retorno, em suas palavras, foi muito cobrado e desejado pelos amigos do entorno, como Vinicius de Moraes. Ronaldo Bôscoli também foi um grande parceiro de trabalho nesse retorno, além de grande amigo e compadre. Nessa parte, Wanda Sá também fala sobre a relação com João Donato, com quem também se envolveu amorosamente, e os trabalhos realizados com ele, especialmente no Projeto Pixinguinha, quando se apresentaram junto com Alaíde Costa. Carlinhos Lyra também é lembrado com carinho, e Wanda Sá conta que a paixão pelos acordes vem da admiração pelo colega, considerado por ela um grande melodista.
PARTE 3/3
Na terceira e última parte da entrevista, Wanda Sá conta sobre suas muitas viagens internacionais, como, por exemplo, as doze viagens feitas ao Japão. Austrália também foi um lugar bastante visitado por ela e Rússia, com quem viajava a trabalho com João Donato. Nessa parte, também fala sobre a relação do Brasil com a Bossa Nova e se intitula como uma cantora desse segmento musical. Fala, ainda, sobre os últimos trabalhos, como a gravação do disco Bossa Sempre Nova (2022), elaborado durante a pandemia e gravado pela Biscoito Fino. Nele, Wanda Sá gravou músicas de Sérgio Ricardo, Maysa, Silvinha Teles, entre outros. Outro trabalho comentado foi o disco A Música de Tom e Vinícius (2018), gravado em parceria com Gilson Peranzzetta e Mauro Senise, também lançado pela gravadora Biscoito Fino. Uma das partes interessantes desse momento da entrevista é quando Wanda Sá comenta sobre a repercussão e as reedições do disco Vagamente, especialmente de uma ocasião em que andava em uma de suas ruas preferidas no Japão, ao lado de Menescal, e se ouviu tocando. A artista ainda fala sobre a relação com os filhos e os netos, e que se precisasse escolher entre carreira e família, sempre escolheria a família e sua vida com Deus. Por fim, comenta sobre os bastidores do trabalho realizado em torno do disco que marca seus oitenta anos, que teve músicas inéditas. Uma delas é uma parceria de João Donato e Nando Reis, que foi composta para ela.