CONSUELO DE PAULA
“A Música de: História Pública da Música do Brasil” Apresenta a entrevista de História Oral de Consuelo de Paula, nascida em Pratápolis (MG), no ano de 1962. Desde cedo se interessou pela música, bebendo das influências da cultura popular local e no que ouvia pelo rádio. Ao completar 18 anos foi morar em Ouro Preto para fazer o curso de Farmácia. Tempos depois muda para São Paulo e vai cada vez mais deixando a profissão de farmacêutica de lado e dedicando a música. Integrante de uma geração de artistas que teve de desenvolver uma carreira de forma independente sem o aporte das grandes gravadoras, a artista teve de ser plural cantora, compositora, poeta, diretora artística e diretora musical. Na entrevista para o A Música De. Consuelo de Paula percorre suas memórias da infância no interior de Minas Gerais até os dias de hoje, relembrando suas vivências e sua produção artística.
Escute Consuelo de Paula
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Espelho Cristalino, canção de Alceu Valença cantada por Consuelo de Paula no seu disco de estreia Samba, Seresta & Baião (2000).
- Sete Trovas, parceria de Consuelo com Rubens Nogueira e Etel Frota, gravada por Maria Bethânia no ano de 2009 no disco Encanteria.
- Maryákoré, canção que também da nome ao CD laçado por Consuelo de Paula no ano de 2019.
O ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA CONSUELO DE PAULA
PARTE 1/4
Na primeira parte da entrevista Consuelo de Paula compartilha suas memórias sobre a infância vivida no interior de Minas Gerais, na cidade de Pratápolis. Aos seis anos se interessou em aprender a tocar piano e até iniciou aulas que duraram pouco tempo, mas foi aos treze que ganhou um violão e começou a tocar. Em sua cidade natal montava blocos de carnaval. Com seu lado artístico bastante aflorado, criava peças para apresentar na escola e aos treze anos também começou a compor. A artista destaca que não havia artistas na família. Mas a avó tinha uma vitrola e os discos que ali tocavam, como Vicente Celestino e Ataulfo Alves, despertaram seu lado musical, muito influenciado também pelo Congado, festa popular na região da artista. Vinda de uma família de farmacêuticos, Consuelo de Paula mudou-se para Ouro Preto, para cursar farmácia. Lá se deparou com um ambiente artístico. Cantou no teatro com os calouros, e foi nessa vivência que nasceu como cantora, embora inicialmente tivesse certo receio em se identificar dessa forma. Estudando farmácia, cantava em bares e festivais na universidade, acompanhada de seu violão. Todavia, nessa época da juventude, cantar era encarado como um hobbie ainda, não como uma profissão. A primeira parte termina com a artista compartilhando sobre a mudança de Ouro Preto para São Paulo, após concluir a graduação. Foi na capital paulista que começou seus primeiros passos como cantora profissional, realizando shows, enquanto trabalhava ainda em farmácias.
PARTE 2/4
Na segunda parte, após passar um tempo fora do país, Consuelo conta que começou a produzir Samba, Seresta e Baião (2000), seu primeiro disco, lançado pela Dabliú Discos, resultado de uma produção um tanto quanto solitária, segundo suas palavras. É nessa parte, também, que a artista retrata sua fase boêmia e sua vida de artista independente, compartilhando como era possível, na época em que lançou seus primeiros discos, produzir e vender já conseguindo um lucro que garantisse o próximo lançamento. Fala, também, da repercussão de seus discos, de qual era o espaço para artistas independentes e que estrutura havia para esse tipo de produção. Fala também de seu disco Dança das Rosas (2004). Nessa parte, a artista conta também sobre suas necessidades e processos de criação. Compartilha ideias, insights, e parcerias, como, por exemplo, com Rubens Nogueira e o trabalho que desenvolveram juntos como letrista e melodista, uma longa parceria. Outra parceria citada pela artista foi o trabalho com a melodista Regina Machado realizado recentemente. Sua ênfase nessa parte é sobre o caráter solar de seus discos. O fato de ser independente, segundo ela, lhe deu a oportunidade de escolher e ter um certo controle sobre o que gostaria de produzir e no resultado de seu trabalho. Fala, ainda, sobre as singularidades do que é fazer um disco de intérprete.
PARTE 3/4
Na terceira parte da entrevista Consuelo fala sobre a produção de músicas durante a pandemia do Covid-19. Naquele período, muitas músicas nasceram, uma vez que ela foi uma artista muito ativa na época, e no momento da entrevista, havia um disco para ser lançado com músicas produzidas nesse tempo. Fala sobre a parceria com João Arruda, e sobre o processo de criação do DVD Negra, uma produção independente que foi lançada em 2011 e contou com Elias Andreato na direção e Dante Ozzetti na direção musical. Uma gravação no Teatro, em Jundiaí (SP) que foi uma realização para a artista. Nessa parte, é muito interessante saber que as criações de Cecília Meirelles lhe foram uma inspiração de composições. Por fim, Consuelo fala sobre o disco Maryákoré (2019), um disco que dialoga de forma direta com o momento em que ele foi construído e que ela compõe sozinha 8 das 10 faixas.
PARTE 4/4
Na quarta e última parte, Consuelo de Paula comenta sobre como enxerga as relações entre arte e política, acerca da necessidade de estar inspirada para criar e sobre como o momento vivido influencia na criação e na estética artística. Nessa parte, Consuelo também fala sobre a figura de Inezita Barroso e seu programa, onde se apresentou. Fala também sobre a gravação de Canta Inezita, (2018 – Kuarup), sobre as despedidas com parceiros e colegas, especialmente de Rolando Boldrin, de quem participou também do programa e com quem cantou junto em um show marcante em sua vida. Por fim, a artista compartilha o que mais escuta, e entre os nomes ela cita Ceumar, Juliana Teixeira, Socorro Lira, Mônica Salmaso, entre outros nomes de sua geração e da geração seguinte, como Filipe Catto. Enfatiza que gosta da música feita em São Paulo e comenta sobre as oportunidades que a cidade dá aos cantores e compositores. Por fim, Consuelo fala sobre como gostaria de ser lembrada: pela simplicidade e singularidade de sua arte, que é, a seu ver, o mais profundo, “como uma cancioneira apaixonada pela canção brasileira”.