GERSON CONRAD
Gerson Conrad é o nome artístico de Gerson Conrradi, que ao lado de João Ricardo e Ney Matogrosso, foi um dos integrantes do grupo Secos & Molhados, fenômeno da música brasileira na primeira década de 1970. Compositor, instrumentista e cantor, é autor de boa parte das canções da banda. O artista também é formado em arquitetura, tendo conciliado o trabalho como arquiteto com a música até por volta dos anos 2000, quando passou a se dedicar exclusivamente ao campo musical. Nesta entrevista de história oral realizada pelo A Música de, Gerson Conrad comenta episódios de sua trajetória artística, como a participação no interior do Secos & Molhados e o período posterior ao grupo, em que seguiu carreira solo, falando sobre os trabalhos já realizados e projetos em andamento.
Escute Gerson Conrad
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Teias, faixa do álbum Lagoa Azul (2018), foi escrita por Gerson Conrad para Ney Matogrosso.
- Rosa de Hiroshima, faixa do álbum Secos e Molhados (1973), uma das principais canções do grupo.
- A medida, é uma das faixas que compõem o álbum Gerson Conrad e Zezé Motta (1975).
O ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA GERSON CONRAD
PARTE 1/5
Na primeira parte da entrevista, Gerson Conrad conta que a relação com o universo musical veio desde cedo, no seio familiar. Nascido em uma família de pianistas, ainda criança começou a aprender a tocar piano por um curto período. Teve a oportunidade de escolher ele mesmo o instrumento com o qual mais se identificava: o violão. Na adolescência, se dedicou em aprender a tocar violão, a partir de um método de ensino que se baseava na concepção da escola espanhola de guitarras, sendo as música clássica e flamenca as bases de sua formação instrumentista. Foi também nessa época que conheceu João Ricardo, e que as primeiras conversas sobre a vontade de um projeto autoral deram ensejo para o que viria a ser o Secos & Molhados, nos anos 1970. Formou-se arquiteto e exerceu o trabalho durante anos, já que apesar do enorme sucesso do grupo, sua existência ter sido tão intensa quanto breve. Ao falar de sua inserção no mercado fonográfico, comenta que apesar de ter lançado discos e realizado apresentações, foi somente a partir dos anos 2000, com a banda Trupi, que a música passou a ser seu único meio profissional, tendo realizado inúmeros shows desde então. A primeira parte encerra com o cantor comentando sobre seus últimos trabalhos, e relembrando o início do Secos & Molhados, como a entrada de Ney Matogrosso e as características músico-teatrais da banda, marca registrada do grupo, conhecido pelas pinturas faciais e a performance do vocalista.
PARTE 2/5
Na segunda parte, Gerson Conrad relembra o impacto do grupo e o sucesso junto ao público com os shows realizados em diferentes teatros, e as apresentações em estádios lotados, especialmente a do Maracanãzinho, em 1974. Comenta da catarse gerada na imprensa sobre a banda, que passou a ser procurada por inúmeros veículos de comunicação da época, para entrevistas e reportagens. O papel das mídias também foi fundamental. A aparição do Secos & Molhados como primeira atração do programa Fantástico, por exemplo, foi um acontecimento que contribuiu para que a banda viralizasse nacionalmente. A chegada na gravadora Continental marcou um momento importante, resultando no emblemático disco de 1973, que passados tantos anos, ainda hoje continua sendo referenciado por diferentes gerações que não deixam cair no esquecimento clássicos como “o vira”. Ao comentar o processo de gravação e a aposta diferente do que convencionalmente um disco era executado, destaca que a própria gravadora desacreditava de seu sucesso. Liberdade de criação foi a sua “cara”, criando um produto que, em suas palavras, revolucionou a indústria fonográfica. Conrad comenta sobre processos criativos, especialmente falando da composição da música Rosa de Hiroshima, uma canção que ao tratar musicalmente da catástrofe mundial da bomba atômica, representou a arte politizada que a banda se propunha. A segunda parte encerra com o artista falando sobre a censura na ditadura.
PARTE 3/5
Na terceira parte, Gerson Conrad conta sobre o lançamento do primeiro disco do Secos & Molhados no México, e sobre a turnê internacional do grupo. Comenta sobre a semelhança da “cara” visual do grupo com a banda estadunidense Kiss, que emergiu na mesma época nos Estados Unidos, e a polêmica gerada em torno de “quem havia copiado quem”. Novamente, o artista fala que apesar da postura politizada da banda, eles não assumiram partidarismo, o que fez com que passassem um tanto quanto impunes pela mão forte do regime militar. Mas que, precisavam se apresentar para a censura antes dos shows, tendo alguns deles cancelados. Não eram, contudo, o conteúdo das músicas em si que eram censurados, e sim a performance e as roupas de Ney Matogrosso. Conrad ainda comenta sobre a recepção por parte do público, e de ser comum perguntas sobre se os integrantes eram homossexuais, e que o estranhamento para com a banda gerou agressões e violências verbais. O final da banda e o início da carreira solo de Conrad também são comentados, e os trabalhos realizados desde então, como o disco gravado com Zezé Motta, lançado em 1975. A terceira parte termina com comentários sobre o disco Trem Noturno, que teve uma faixa na novela Bravo, da Rede Globo, o amadurecimento artístico na carreira solo e as apresentações realizadas a partir da década de 1980.
PARTE 4/5
PARTE 5/5
Na quinta última parte, Gerson Conrad fala sobre seus processos de criação melódicas, compartilhando como nasceram algumas de suas composições musicais, e sobre o livro depoimento de sua autoria, intitulado “Meteórico Fenômeno. Memórias de Um Ex-Secos & Molhados”, no qual registrou suas memórias sobre a banda, contando alguns detalhes de bastidores que escaparam aos canais midiáticos. Ao ser questionado sobre como enxerga o cenário musical brasileiro hoje, e como gostaria de ser lembrado, o artista demonstra que a seu ver, o campo musical brasileiro vive hoje um período muito pouco expressivo, em termos de proposta de criação musical. Em suas palavras, inevitavelmente, será lembrado como parte de um dos grandes fenômenos da música brasileira, que foi o Secos & Molhados, expressando enorme gratidão em ter feito parte do grupo. A entrevista termina com Gerson Conrad falando sobre seus projetos em andamento no momento da entrevista, como o EP “O fio do meu destino”, lançado pela Warner, e que o segundo EP de mesmo nome seria lançado pela Soma Records.