São inúmeros os trabalhos de Sidney Moraes no mundo da música. Natural de Sorocaba, interior de São Paulo, iniciou na Rádio Tupi como músico profissional, entoando seu violão em diferentes programas. Junto a ele, rumou para a TV Tupi, sendo um dos pioneiros na televisão do país e trabalhando ao lado de grandes nomes da música nacional. Fez parte do “Conjunto Farroupilha” e “Os Três Moraes”, este ao lado de seus irmãos, Jane e Roberto. Além disso, entoou boleros em espanhol sob a alcunha de Santo Morales. Ainda trabalhou como produtor e compositor de inúmeras canções. Sua entrevista para A música de: História pública da música do Brasil retoma alguns pontos de sua prodigiosa carreira.

A primeira parte da entrevista com Sidney Moraes abarca sua relação com a música desde criança, balançando na cadeira e entoando canções de seus ídolos do rádio, como Francisco Alvez, Sílvio Caldas e Orlando Silva, sua maior inspiração. Também destaca sua relação com as artes plásticas, seus estudos em Desenho e Pintura e o sonho em ser pintor. Traz o início de sua carreira musical, com as apresentações do trio “Garotos Vocalistas”, de Sorocaba, que lhe proporcionou entrar na Rádio Tupi em 1947, tornando-se músico profissional após anos de trabalho como torneiro mecânico. Trabalhou nos primeiros programas televisivos do país, em 1950, se apresentando no famoso auditório da emissora paulista, ao lado de Lolita Rodrigues, Hebe Camargo e Wilma Bentivegna. Relata sobre a formação do “Conjunto Farroupilha”, sua residência no Radio City Music Hall de Nova York, e as turnês pela América do Sul e Europa. Narra sua relação com João Gilberto na Gravadora Fermata, que atuou como divulgador de “Chega de Saudade” e outros discos do seu catálogo, assim como seu trabalho na peça de teatro “Precisa-se de um presidente”, dirigido por José Vasconcelos. Por fim, traz aspectos sobre seu processo criativo, e destaca músicas importantes de sua carreira de compositor, como “Além”, “Samba Internacional” e “Sonhando contigo”, interpretadas por grandes cantoras como Hebe Camargo e Leny Eversong.

A segunda parte abre com Sidney Moraes e o grupo “Os Três Moraes”, em conjunto com seus irmãos, Jane e Roberto. Após trabalharem com jingles publicitários, foram convidados por um produtor da Odeon para gravarem. Moraes fazia os arranjos das composições, e as vozes do trio traziam uma voz dissonante, soando como um quarteto. Destaca o sucesso televisivo e a participação nos festivais, com destaque para a canção “Sonhos”, de Eriberto Gismonti, no Festival da Globo. Após a dissolução do trio, se dedica aos boleros em espanhol, na voz de Santo Morales, e aponta os principais sucessos e premiações. Também destaca seu trabalho como produtor musical, responsável por gravações de Belchior e Secos & Molhados. Por fim, discorre sobre sua atual carreira, suas escutas atuais e em como gostaria de ser lembrado na história da música brasileira.