ACORDES DISTORCIDOS EM ANOS DE CHUMBO: UMA ABORDAGEM DO DISCO GÎTÂ DE RAUL SEIXAS
Rodrigo Musto Flores
Rodrigo Musto Flores é doutorando em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), mestre e licenciado em História pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Pesquisa temas relacionados à história e memória, Força Expedicionária Brasileira (FEB), Ditadura Militar, construção e usos de dados em narrativas de memória, e as relações entre instituições militares e a política.
Em dezembro de 1974, Raul Seixas retornava ao Brasil após um tempo de exílio nos Estados Unidos. O país enfrentava o período mais tenebroso da ditadura militar e, em virtude do sucesso estrondoso do seu terceiro disco, a volta do cantor foi “solicitada”. Nas palavras do próprio Raul, “O consulado brasileiro bateu na porta do meu apartamento, quase em dezembro de 1974, dizendo que eu já podia voltar, que o Brasil me chamava, que eu já era patrimônio nacional, estava vendendo disco. Aí eu voltei, né? Estava com saudades”.
“Gita” é, de fato, um dos mais importantes discos da história do rock brasileiro. É preciso considerar que naquela época o estilo ainda dava seus primeiros passos no Brasil e, à exceção de algumas referências capturadas pela Jovem Guarda, o rock era encarado muitas vezes como um estrangeirismo. Também, pudera, em meio à fase mais violenta da ditadura militar, as referências culturais brasileiras transformavam-se em importantes formas de resistência aos ditames do regime. Entretanto, apesar das condições pouco favoráveis, o álbum alcançou a cifra de 600.000 cópias vendidas, o que rendeu a Raul o seu primeiro disco de ouro no ano seguinte.
Provocador por natureza, Raul Seixas encampava um guerrilheiro latino americano, ostentando, além do clássico óculos escuros, uma boina e guitarra vermelha. Segundo Alexandre Bérgamo, “A imagem carrega a ideia de um “messias guerrilheiro”, com elementos místicos e filosóficos imbricados desde a capa do disco até suas mais diferentes declarações” (SOUZA, 2011, p. 128). “Gita” é uma mescla de elementos que vão desde o blues, passando pelo rock n’ roll e country music: o guitarrista Rick Ferreira, que gravaria todos os discos do cantor após esse álbum, colocou a alma na ponta dos dedos para compor riffs marcantes como o que abre o disco, na faixa “Super-Heróis”. Além disso, para os fãs de música brasileira e das seis cordas, o disco apresenta a introdução marcante em steel guitar da música “S.O.S”.
O disco é uma marca da carreira de Raul Seixas, não só pelas letras marcantes ou pela guitarra de Rick Ferreira, mas também por seus belos arranjos. A faixa título, por exemplo, traz uma harmonia executada por uma orquestra sinfônica com harpas, sinos, trompete, pandeiro, guitarra e um violão de 12 cordas – tocado pelo próprio Raul – ao longo de toda a canção. A letra, que é uma das muitas parcerias entre Raul e Paulo Coelho, se apresenta como uma revelação e traz um recorte do livro sagrado Bagavad-Gîtâ, conhecido texto indiano datado do século VI a.C.
CHAMEI DOM PAULO COELHO E SAÍMOS LADO A LADO...
A parceria entre Raul Seixas e Paulo Coelho é um assunto que divide opiniões entre os fãs do cantor. Isso ocorre porque existe uma tendência por parte dos críticos de diluir a importância de Raul como músico, compositor e intérprete à orientação de um provável guru, creditando a outras pessoas características do próprio Raul Seixas. É fundamental lembrar que, ao longo de sua trajetória artística, Raul realizou inúmeras parcerias com nomes como: Marcello Motta, Cláudio Roberto, José Roberto Abrahão, Oscar Rasmussem, Kika Seixas e Marcelo Nova. Contudo, a parceria mais lembrada e ressaltada ocorreu entre o cantor e o hoje escritor de best-sellers, Paulo Coelho.
De acordo com o sociólogo Lucas Marcelo Tomaz de Souza, a parceria entre “Dom Paulete” e “Dom Rauzito” rendeu 41 músicas no total, sendo perceptíveis as contribuições de Paulo Coelho nos quatro primeiros discos do cantor: “Krig-há, bandolo!” (Philips, 1973), “Gita” (Philips, 1974), “Novo Aeon” (Philips, 1975), e “Há 10 mil Anos Atrás” (Philips, 1976). O autor, que estudou a constituição do “mito” Raul Seixas, adverte que as conclusões apressadas a respeito da colaboração entre Raul e Paulo Coelho costumam atribuir a Raul Seixas a imagem de roqueiro contestador e transgressor, ao passo que Paulo Coelho é lembrado como um escritor do mainstream. Contudo, destaca que essas diferenças não auxiliam no entendimento do contexto em que eles se encontraram, em 1972 (SOUZA, 2016, p. 157).
Naquele ano, Raul Seixas atuava na gravadora multinacional CBS e era um produtor recomendado com certa fama entre os artistas. Mas o que Raul queria mesmo era cantar o seu “rockzinho antigo que não tem perigo de assustar ninguém”. A insatisfação de Raul com a falta de espaço na gravadora ficou evidente quando o cantor aproveitou a ausência de seus diretores e gravou o disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista: apresenta Sessão das 10”, em 1971, com Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada. Apesar de bem recebido pelo público relacionado ao movimento de contracultura, o disco não obteve sucesso comercial e foi retirado de circulação em dois meses.
De um lado, a carreira de Raul como cantor não emplacava dentro da gravadora; de outro, Paulo Coelho atuava como editor da revista 2001, publicada pela Editora Poster Graph e, devido à pequena remuneração que recebia, quebrava um galho escrevendo matérias para a revista, as quais assinava com o codinome de Augusto Figueiredo. O tema-chave dos artigos de Figueiredo era ufologia, assunto pelo qual Raul Seixas nutria verdadeiro fascínio. Segundo Jotabê Medeiros, o encontro dos dois ocorre em maio de 1972, quando Raul Seixas “com terno careta e a pasta 007 na mão, entrou numa modesta sala do décimo andar de um edifício comercial na Cinelândia” (MEDEIROS, 2019, p. 117).
A persona tradicional do produtor da CBS gerou desconfiança por parte de Paulo Coelho; em meio aos “anos de chumbo”, todo cuidado era pouco. É fundamental pontuar que além do interesse por ufologia, Paulo Coelho e Raul Seixas possuíam referenciais de mundo totalmente diferentes naquele contexto. Em 1972, Raul atuava na CBS, não tinha experimentado drogas, ostentava os cabelos aparados, paletó, gravata e a pasta de executivo nas mãos. Raul era chefe de família, tinha endereço fixo e uma filha de dois anos. Paulo Coelho, por outro lado, vivia o estilo alternativo das calças Saint Tropez, cabelos despenteados, sandálias franciscanas, colares no pescoço e óculos coloridos. Paulo Coelho não tinha endereço físico, era um quase nômade, nutria interesse por ocultismo e coisas além.
De acordo com a biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais, o encontro entre Raul e Paulo se deu em meio a uma guinada deste último aos temas relacionados ao ocultismo e ao satanismo. Paulo consumia alta carga de leitura sobre “pentáculos, cabala, sistemas mágicos e astrologia, e pôde entender um pouco e aproximar-se da obra do careca Aleister Crowley, que aparecia na capa do disco dos Beatles” (MORAIS, 2008, p. 203). O improvável encontro rendeu um jantar na casa de Raul; na ocasião reuniram-se Paulo Coelho e sua namorada Adalgisa, bem como Raul Seixas e sua esposa à época, a americana Edith Wisner. Ao fim do encontro, Paulo Coelho tomou a seguinte nota:
Fomos recebidos pela mulher dele, Edith, com uma filha pequenininha, que deve ter no máximo três anos. É tudo caretinha, tudo bem-comportado. Serviram umas cumbuquinhas com salgadinhos… Há anos que eu não janto em casa de ninguém que tivesse cumbuquinhas com salgadinhos. Salgadinhos, que coisa ridícula! (MORAIS, 2008, p. 208)
O encontro improvável não rendeu a parceira de imediato. Ambos tinham interesses divergentes. Raul via nos textos e na capacidade criativa de Paulo Coelho uma importante ferramenta para a escrita de canções. Paulo, por sua vez, pensava que a circulação de Raul pelos corredores da CBS lhe renderia a oportunidade tão sonhada de divulgação dos seus artigos. As aspirações iniciais de Paulo Coelho não se realizaram e o escritor ficou surpreso quando, no referido jantar, Raul comunicou sua demissão da CBS e o contrato com a gravadora Philips, que produziria os discos mais famosos da carreira do cantor, entre eles o próprio “Gita”.
O ano de 1972 seria emblemático na carreira de Raul como cantor. O músico participou do VII Festival da Canção, emplacando duas canções: “Eu Sou Eu, Nicuri é o Diabo” e “Let me Sing, Let me Sing”. A última emplacou uma mistura inédita entre o rei do rock e o rei do baião, empolgando os espectadores. O festival foi uma guinada na carreira de Raul que, inspirado no figurino de Elvis Presley em Elvis 68: Comeback, contagiou o público “colo
cando abaixo o Maracanãzinho naquele 31 de setembro de 1972. Exatamente um dia depois de sua rescisão de contrato com a CBS, que não concordava com as investidas do artista como cantor (…) era o empurrão definitivo para o artista engatar o primeiro álbum solo” (MINUANO, 2019, p. 200).
O álbum solo viria no ano seguinte, satisfazendo as aspirações de Raul Seixas, que sonhava com a carreira de cantor. Em 1973, o álbum “Krig-Há, Bandolo!” foi lançado: das onze músicas, cinco eram escritas pelo próprio Raul e outras seis eram fruto de sua parceria com Paulo Coelho. O curioso título, retirado das revistas do personagem Tarzan significava: “Cuidado, aí vem o inimigo!”. O disco apresenta alguns dos maiores sucessos da carreira de Raul Seixas, tais como: “Mosca na Sopa”, “Metamorfose Ambulante”, “As Minas do Rei Salomão”, “Al Capone”, e a mais lembrada, “Ouro de Tolo”.
O álbum de estreia de Raul foi bem recebido na época. Sobre o disco, e mais especificamente a respeito da canção “Ouro de Tolo” que encerra o álbum, o colunista Luís Carlos Cabral escreveu:
Só consegui ouvir duas faixas do LP gravado por Raul Seixas e posso dizer que Roberto Menescal pode ficar tranquilo: vai estourar nas paradas. É rock pesado muito bem executado. Não sei o nome da música que critica Roberto Carlos, mas fiquei impressionado com a força da letra e a originalidade da interpretação de Raul (Diário de Notícias, 28.04.1973)
Raul negaria por boa parte de sua carreira a possível crítica direcionada a Roberto Carlos, afirmando que a música não falava especificamente do cantor, mas de todo um sistema que ele representava. Os dados estavam lançados e a partir de “Krig-Há, Bandolo!” Raul Seixas se tornaria o que havia almejado, o álbum foi um cartão de visita muito eficiente, mostrando ao Brasil quem era o artista Raul Seixas.
Raul afirmaria em entrevista ao Jornal do Brasil que o álbum era um misto de todas as suas influências: “Uso todos os elementos que compõem a minha formação musical. Tudo o que o Brasil sente e fala, como Roberto Carlos, Luiz Gonzaga, Caetano e Rauzito, é claro” (JB, 15.07.1973). Os números seriam bons, é verdade, mas já no ano seguinte Raul Seixas emplacaria o álbum “Gita”.
VAI! E GRITA AO MUNDO QUE VOCÊ ESTÁ CERTO
“Gita” foi lançado, portanto, em 1974 e consagrou Raul Seixas como cantor, compositor e intérprete. O disco se inicia com a canção “Super Heróis”, uma crítica contundente de Raul Seixas e Paulo Coelho ao contexto da época. O discurso do regime ressaltava o ufanismo e o patriotismo em meio à ocorrência do “milagre econômico” – que de santo não tinha nada. O “ame-o ou deixe-o” do ditador Emílio Garrastazu Médici enfatizava as conquistas esportivas e os figurões da TV como forma de alardear o corolário da ditadura militar.
Nesse sentido, a primeira canção narra o peculiar passeio de Raul e Paulo em plena segunda-feira, assim como as cenas vistas pelo caminho: Silvio Santos, em uma empreitada nada comum, emprestando seu sorriso para um filme de terror; os vivas de Paulo e Raul ao rei da Arábia Saudita, Faisal bin Abdulaziz Al Saud, confundidos com carnaval pelos transeuntes; o equívoco de Raul Seixas ao não reconhecer o enxadrista Henrique Costa Mecking (Mequinho), o brasileiro que ganhou o título de Mestre Internacional de Xadrez em 1972.
O passeio, que se inicia em São Paulo, chega a Nova York para encontrar Marlon Brando e um garçom muito “gente boa”, que reconhece Rauzito, dispensando o pagamento. Ainda sobra espaço na letra para menções ao rei Pelé, tricampeão mundial de futebol que, comovido com a euforia da multidão, despenca da janela de seu apartamento no Leblon, e para Emerson Fittipaldi, bicampeão de Fórmula 1. O piloto excede os limites de velocidade, atropelando o distraído enxadrista Mequinho. A música convida os ouvintes a dar vivas aos nossos heróis, um convite que soa irônico, é verdade, mas que se adequava muito bem ao contexto da época.
A faixa-título apresenta a ideia central do disco, Raul Seixas e Paulo Coelho se inspiram em trechos do livro indiano Bhagavad Gîtâ para escrever uma das mais belas canções da carreira do cantor. De acordo com Jorge Bertolaso Stella, “Bhagavad Gîtâ” é um poema filosófico que compreende os capítulos 23 a 41 do Bhismaparwa, uma das seções do livro Mahâbhârata. O poema, portanto, é o mais lido, mais discutido e mais examinado de toda a literatura sânscrita, podendo ser definido como um patrimônio espiritual de toda a humanidade (STELLA, 1967, p. 370). Em linhas gerais, o que Paulo e Raul fizeram nessa canção foi traduzir e tornar mais acessível ao público brasileiro o diálogo entre o deus Krishna e o herói Arjuna. A canção elevou a carreira de Raul a outro patamar; o sucesso chegava, mas, com ele, uma fama de “guru espiritual” que o próprio cantor recusava.
Segundo Luiz Alberto de Lima Boscato, as estrofes da canção de Raul e Paulo estão baseadas na pergunta feita por Arjuna a Krishna: “Quem és tu?”. O questionamento do guerreiro dá origem à resposta do deus:
20 – Eu sou a essência espiritual que habita nas profundezas da alma e no íntimo de cada criatura – o princípio, o meio e o fim de todas as coisas; sua origem, a sua existência, o seu termo final.
21 – Eu sou Vishnu, entre as forças criadoras, entre os seres do mundo sideral eu sou o sol; nos espaços atmosféricos sou a tempestade; entre as luminárias do céu noturno sou a lua (BOSCATO, 2006, p. 194).
A canção “Gita” inicia com uma atmosfera que tangencia a busca por autoconhecimento, os sinos utilizados por Raul e a estrofe inicial da letra parecem dar o tom sublime de uma resposta procurada há muito tempo e que o eu lírico encontra através de um diálogo direto com deus. “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo, procurando. Foi justamente num sonho que Ele me falou”. O disco é recheado de clássicos que marcaram a carreira de Raul Seixas, tais como: “Medo da Chuva”, “Moleque Maravilhoso”, “O Trem das Sete” e “Não Pare na Pista”.
A intenção do presente texto não é propor uma análise de todas as composições lançadas na obra, dado que, por mais que tentasse, algum detalhe fundamental passaria despercebido. A obra de Raul dos Santos Seixas, o Rauzito, é marcada por diversas referências ao que o cantor experimentava na época, bem como aos diversos altos e baixos de sua carreira. “Gita” (1974) é um disco que merece ser ouvido do início ao fim, pois é a definição do “do it yourself” de Raul Seixas: o soteropolitano, membro fundador do “Elvis Rock Club” e que sonhava desde menino em ser astro do rock ou artista de cinema. “Gita” celebra um artista cuja obra é imortal, que difere “das cercas embandeiradas que separam quintais” – como dizia uma outra canção –, e que une milhares de fãs do cantor até hoje.
Referências
CABRAL, Luís Carlos. Diário de notícias. 28 de abril de 1973. Ed 15488. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=093718_05&pagfis=24442. Acesso em: 21 jun. 2023
MEDEIROS, Jotabê. Não diga que a canção está perdida. São Paulo: Todavia, 2019.
MINUANO, Carlos. Raul Seixas: por trás das canções. Rio de Janeiro: Editora Best Sellers, 2019.
MORAIS, Fernando. O Mago. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008.
SOUZA, Lucas Marcelo Tomaz de. Eu devia estar contente: a trajetória de Raul Santos Seixas. 2011. 231 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2011. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/99022. Acesso em: 29 mai. 2023
SEIXAS, Raul. Entrevista. Jornal do Brasil. 15 de julho de 1973. Ed 00098. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=030015_09&pagfis=13867. Acesso em: 21 jun. 2023.
SOUZA, Lucas Marcelo Tomaz de. Construção e autoconstrução de um mito: análise sociológica da trajetória artística de Raul Seixas. 2016. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-12092016-120225/pt-br.php. Acesso em: 29 mai. 2023
STELLA, Jorge Bartolaso. A Bhagavad-Gîtâ. Revista de História, [S. l.], v. 34, n. 70, p. 365 – 392, 1967. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/126113. Acesso em: 26 maio. 2023.
Como citar este texto
FLORES, Rodrigo Musto. Acordes distorcidos em anos de chumbo: uma abordagem do disco Gîtâ de Raul Seixas. A música de: História pública da música do Brasil, v. 5, n. 1, 2023. Disponível em: https://amusicade.com/secos-molhados-1973-secos-molhados/. Acesso em: 20th novembro 2024.