Delírios por coisas reais: a sociedade brasileira nas canções de Belchior (1973 – 2017)
Autor(a)
Thiago Vieira
Orientador(a)
Prof. Dr. José Adriano Fenerick
Instituição
Unesp – Universidade Estadual Paulista (campus Franca)
Tipo de pesquisa
Doutorado
Data de defesa
Outubro/2023
Como você resumiria sua pesquisa em uma frase?
Minha pesquisa buscou compreender como as canções de Belchior problematizaram a sociedade brasileira na década de 1970, especialmente no que dizia respeito ao comportamento da juventude e o engajamento contra a Ditadura civil-militar.
Qual a questão central da sua pesquisa?
Pensar Belchior como um artista cujo acúmulo das experiências sociais da década de 1960 e 1970 o tornou uma voz capaz de afirmar que engajamento contra a Ditadura civil-militar e as convenções que a engendraram estavam esgotadas, nesse sentido, era fundamental a reorganização da sociedade em busca de uma ruptura com as formas tradicionais de se construir a luta.
Que fontes e métodos você utilizou?
Obras biográficas, álbuns de época, não apenas de Belchior, mas de outros artistas que estão presentes em sua obra, material jornalístico de imprensa escrita, tv e rádio. As fontes receberam um tratamento onde o contexto de sua produção não foi deixado de lado, de modo que todas as tensões que se aproximam de sua produção passam a fazer parte do produto final. Guiou-me de uma forma decisiva o campo teórico construído por autores vinculados a chamada “New Left”, como E. P. Thompson e Raymond Williams, principalmente. Entre autores brasileiros a crítica literária de Antônio Cândido e Roberto Schawrz foram importantes.
Quais foram suas principais conclusões?
A pesquisa revelou que as críticas contundentes de Belchior se dão em um curto período, entre 1976 e 1979, ou seja, neste intervalo onde estão incluídos quatro dos principais álbuns de sua discografia tem-se a fortuna crítica de sua obra, pois posteriormente a crítica às contradições brasileiras perde força ou torna-se repetitivas. Curioso, entretanto, foi a observação sobre como Belchior é acompanhado na contemporaneidade por uma narrativa que o tornou porta-voz da denúncia social, suas canções tornaram-se mantra na última década nos diferentes enfrentamentos entre os campos progressista e o reacionário, prova é a ligação do artista Emicida com Belchior e a atualização do pensamento vivo de nosso artista.
Onde podemos ler seu trabalho?
A tese pode ser baixada gratuitamente do Repositório Institucional da Unesp. Link:
https://repositorio.unesp.br/items/90142dfa-f8fb-402f-b4a5-7b81e61f1c6a
Cite cinco das suas principais referências bibliográficas.
MEDEIROS, Jotabê. Belchior: apenas um rapaz latino-americano. São Paulo: Todavia, 2017.
DINIZ, Sheyla Castro. Desbundados & Marginais: MPB e contracultura nos ―anos de chumbo‖ (1969-1974). Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017.
CARLOS, Josely Teixeira. Fosse um Chico, um Gil, um Caetano: uma análise retóricodiscursiva das relações polêmicas na construção da identidade do cancionista Belchior. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidadede São Paulo, São Paulo, 2014.
DIAS, Márcia Tostas. Os Donos da Voz: Indústria fonográfica e mundialização da Cultura. São Paulo: Boitempo, 2000.
DUNN, Christopher. Brutalidade jardim: a tropicália e o surgimento da contracultura brasileira. São Paulo: Editora Unesp, 2009.