MARIA ALCINA
Maria Alcina, mineira na certidão de nascimento, mas carioca e paulista de coração, é dona de uma voz inconfundível. Convive com a música desde cedo, por intermédio de seu pai e do rádio de seu tio. Após um convite, se estabelece no Rio de Janeiro, bradando sua voz pela noite da cidade e no palco do IV Festival Internacional da Canção. Depois de “Fio Maravilha”, grava seu primeiro de nove álbuns da carreira. Na entrevista concedida para A música de: História pública da música do Brasil, conhecemos sua trajetória no mundo da música, combinando passado e presente .
Escute Maria Alcina
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- “Fio Maravilha”: composição de Jorge Ben, ficou marcada na sua apresentação no IV Festival Internacional da Canção.
- “Maria Alcina, Confete E Serpentina”: canção de Adalberto Rabelo Filho que fecha o álbum de mesmo nome, de 2009.
- “Eu sou Alcina”: música de Zeca Baleiro, abre o álbum de comemoração aos 40 anos de sua carreira.
A ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA MARIA ALCINA
PARTE 1/3
Maria Alcina costura suas influências musicais, infância e primeiros passos no Rio de Janeiro nessa primeira parte. Nascida em Cataguases, no interior de Minas Gerais, descobriu a potência de sua voz cantando na escola, e a paixão pela atuação na apresentação de um grupo de teatro na cidade. A música esteve presente durante toda sua infância e adolescência, pelo rádio que um tio levou à sua casa, ou na influência de seu pai, músico. Se identificou com artistas de voz próxima a dela, como Anísio Silva, Altemar Dutra, Helena de Lima e Núbia Lafayette. Interpretando “Pesadelo Refrigerado” no Festival Audiovisual de Cataguases, fatura o prêmio de Melhor Intérprete aos 17 anos, rendendo convite para participar da trilha sonora de “O Homem das Tormentas”, gravada no Rio de Janeiro. Decide se estabelecer na Cidade Maravilhosa, trabalhando na Brazuca Produções, de Antônio Adolfo, e procurando lugares para cantar. A grande oportunidade veio no espetáculo “Vem de ré que eu estou de primeira”, substituindo Leila Diniz e cantando “Asa Branca” e “Baby”, encantando Tarso de Castro, que a leva para a boate Number One e inicia sua trajetória de apresentações.
PARTE 2/3
A boate Number One foi o palco de experimentações de Maria Alcina. Contratada por Mauro Furtado, tornou-se “cruner/crooner” da casa, chamando a atenção de Solano Ribeiro, que a convidou para interpretar “Fio Maravilha” no IV Festival Internacional da Canção. Inspirada pelas apresentações de Evinha, Maria Alcina sobre no palco do Maracanãzinho para encantar multidões, com uma apresentação segura e forte. A experiência na Number One, a parceria com Severino Filho e “Fio Maravilha” lhe permitiram gravar seu primeiro LP, pela Chantecler, com canções do repertório executado na boate. Nela, passa o bastão à Edy Star, um de seus principais parceiros artísticos. A figura de Carmen Miranda era aproximada de Alcina, pela interpretação, vestimentas e inspiração. Após encerrar o contrato com a Chantecler, grava seu segundo LP pela Continental, com músicas de João Bosco, Aldir Blanc, Ricardo Guinsburg e Agusto Magalhães. Vivendo sob ditadura militar, foi alvo da censura estatal, sendo proibida de se apresentar por mais de 20 dias, sem entender o porquê.
PARTE 3/3
Na terceira e última parte da entrevista, Maria Alcina discorre sobre seu passado, presente e futuro. Traz as participações como jurada dos programas do Bolinha, Raul Gil e Paulo Barbosa, marcando sua imagem no público. Com a mudança para São Paulo, em 1980, começa sua carreira do zero, gravando um LP pela Copacabana. “É mais embaixo” vira sucesso, trazendo o pastoril nordestino para sua música e atuação, marcando seu repertório popular. Voltou a gravar um disco em 2003, “Agora”, em conjunto com o Grupo Bojo. Dessa parceria, lançou “Maria Alcina Confete e Serpentina” em 2009, que venceu o Prêmio da Música Brasileira de melhor CD e melhor cantora. No aniversário de 40 anos de carreira, gravou CD e DVD “De Normal bastam os outros”. Nesse meio, aprofunda sua interpretação a partir de estudos intensos, trabalhando em espetáculos como “Vou tirar você desse lugar”, celebrando a música de Odair José. Em toda sua trajetória, pautou-se pela liberdade, que costurou e guiou suas ações. Por fim, discorre sobre como gostaria de ser lembrada na história da música brasileira.