GILSON PERANZZETTA
“Quem não ouve, não aprende”. Na sala de casa, assistindo aos pais e familiares, Gilson Peranzzetta começou a aprender e a se apaixonar pela música. Nascido no Rio de Janeiro, em 1946, foi desde cedo influenciado pelos familiares músicos. Mãe no bandolim, tio e avô no violão, tia e avó no canto: estava pronto seu sarau particular. Na juventude, encontrou o acordeom e o piano, seu principal instrumento de trabalho na carreira, que o levou à Espanha para estudar por quatro anos. Quando retorna ao Brasil, começa na longa parceria com Ivan Lins, agora como arranjador. Em terras tupiniquins, grava uma série de discos ao longo de 40 anos, com diferentes parcerias – sempre querendo aprender mais e mais. Até porque, segundo Gilson, “a música é a estrela. Nós somos apenas instrumentos”.
Escute Gilson Peranzzetta
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Setembro, presente no disco Cumplicidade, em parceria com Ivan Lins.
- Pontes, que abre seu álbum Portal dos Magos, lançado pela Polygram em 1985.
- Ângela, composição de Gilson Peranzzetta e faixa do disco homônimo do grupo Tema Três, lançado pela Atonal em 1966.
O ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história
"A MÚSICA DE" ENTREVISTA GILSON PERANZZETTA
PARTE 1/4
As influências musicais de Gilson Peranzzetta e seus primeiros passos no mundo da música são tema da primeira parte da sua entrevista ao A Música De. Na sala de casa, assistia sua mãe, Célia, tocar bandolim. Nos fins de semana, juntava-se a ela seu tio e avô, com violão, sua tia e avó no canto e montava-se um grande sarau. O artista recorda seus primeiros contatos com o acordeom, seu primeiro instrumento. Com o irmão, formaram a dupla Ping Pong de acordeom, tocando todo domingo no clube mirim de Brás de Pina, bairro do Rio de Janeiro. Lembra do incentivo de sua família para continuar com os estudos na música, com seus pais sendo os maiores incentivadores. Mesmo assim, relembra de quando comunicou ao seu pai que gostaria de seguir como músico, e não operário na mesma fábrica que trabalhava. Por fim, fala sobre seu grave acidente quando servia ao exército, sua longa recuperação e volta ao piano.
PARTE 2/4
Na segunda parte de sua entrevista, Gilson Peranzzetta discorre sobre seu início na carreira de músico, com dois discos lançados na década de 1960 junto a um trio e a um conjunto de baile. Começou a tocar na noite carioca, principalmente no Little Clube, no Beco das Garrafas. Uma noite, veio o convite para tocar junto com Taiguara, em momento de censura às artes. Recorda do convite de Ronie Mesquita para formar o grupo Central do Brasil, que fez shows na Europa no final dos anos 1960. Em Barcelona, conhece o pianista Tete Montoliu, que lhe apresenta sua professora de piano. Com ela, Gilson passa quatro anos estudando e em contato com músicos de diversas partes do mundo. É também com ela que inicia suas primeiras composições, depois de um momento difícil com um maestro. Na volta ao Brasil, conhece Ivan Lins, com quem passa 11 anos trabalhando como arranjador. A amizade se manteve, apesar de Gilson seguir carreira solo. Com apoio de Roberto Menescal e uma série de outros amigos, lança Portal dos Magos, pela Polygram, em 1985. Por fim, recorda da gravação de Tom & Villa, em 1986, projeto de Paulinho Albuquerque.
PARTE 3/4
As gravações de Gilson Peranzzetta são tema da terceira parte de sua entrevista. Como em “Cantos da Vida” (K-Tel, 1988), lançado em um momento difícil para instrumentistas no mercado fonográfico. A partir dali, discorre sobre sua vasta obra discográfica. Sua longa parceria com Mauro Senise é recordada, onde destaca uma união que pareceu sempre existir, e culminou em uma série de obras: Uma parte de nós (Visom, 1990), Vera Cruz (Visom, 1990), Êxtase (Marari Discos, 2006), Linha de Passe (Biscoito Fino, 2010), Jasmim (Biscoito Fino, 2013), Amazonas Band Convida (2013), Dois na Rede (Fina Flor, 2015), Cinema a Dois (Fina Flor, 2019). Também discorre sobre os discos em tributo a outros artistas, como a Claudio Santoro (Independente, 1989), Tom Jobim – Anos 60 (CBS, 1987), com voz de Joyce Moreno. Destaca a parceria, com sua esposa, Eliana Peranzzetta, além de seus trabalhos fora do país, como nos espetáculos com a Orquestra Sinfônica da WDR de Colônia, na Alemanha. Ou, as gravações com Dori Caymmi, que pararam nas vozes de grandes artistas internacionais. Para encerrar, destaca a importância do trabalho de orquestrador.
PARTE 4/4
“Um eterno aprendiz”. A frase dá o compasso da quarta e última parte da entrevista de Gilson Peranzzetta para A Música De, que começa com seu rápido período na Rede Globo, como diretor musical, onde ficou apenas 3 meses. Não queria ficar atrelado à uma empresa, mas retoma a importância da experiência em fazer trilhas para cenas de novelas. Também fala sobre a relação entre a televisão e a música instrumental, recordando uma participação no programa do Faustão, em 1988, junto a Sebastião Tapajós. Questiona sobre a audiência na música, concordando que ela sempre teve público, mas os investimentos correm por outros caminhos que não o instrumental. Fala da gravação “A Música de Tom e Vinícius”, lançado em 2016 pela Biscoito Fino, em conjunto com Wanda Sá e Mauro Senise, e mostra seus planos para o futuro, como um disco em homenagem à João Donato. Também tece conselhos para jovens músicos, e ratifica: “a minha religião é a música, meu palco é a minha igreja, e o piano é meu altar onde, humildemente, faço minhas orações”. Por fim, discorre sobre os problemas dos direitos autorais, seu processo de composição, em como vê a música brasileira no presente e, para finalizar, como gostaria de ser lembrado na história da música do Brasil.