DICK DANELLO
Dick Danello é o nome artístico de Filippo D’Anello, cantor, compositor, produtor, apresentador e ator italiano radicado no Brasil. Apesar de ter cursado direito, foi no campo musical que fez sua trajetória profissional, tendo sido um importante nome no movimento da Jovem Guarda, e contribuído significativamente para a difusão da música italiana no país. Nesta entrevista concedida ao A Música De, o artista compartilha sua história de vida e a paixão pela música, especialmente a romântica, contando detalhes de sua carreira.
Escute Dick Danello
As três sugestões imperdíveis de “A música de”
- Vedrai, Vedrai canção que abre o compacto duplo da trilha sonora do filme A Ilha dos Paqueras(1970).
- Parlando D´amore composição de Dick Danello que dá nome ao disco de 1983.
- Ciao Italia canção de Francesco Napoli, interpretada por Dick Danello no Cd Rock Italiana(2014).
A ARTISTA EM UMA IMAGEM
Fotografia é história

"A MÚSICA DE" ENTREVISTA DICK DANELLO
PARTE 1/3
Na primeira parte da entrevista, Dick Danello fala de suas origens e primeiras memórias. Nascido em Belvedere Marittimo, no sul da Itália, ele comenta sobre a música italiana que já o fascinava desde criança, especialmente sobre o Festival de Sanremo, de onde saíram grandes artistas que se projetaram internacionalmente, e o qual ele acompanhava pelo rádio. Foi no Convento dei Frati Cappuccini que ele deu os primeiros passos em direção à carreira musical. Vindo de uma família de quatro filhos, o pai, que tocava oito baixos, é referenciado como alguém que o inspirou na música, mas não havia nenhum artista na família. Veio para o Brasil na segunda metade do século XX, com o tio, onde o pai já morava, e se instalou em Bom Retiro, bairro central de São Paulo. Havia um programa italiano na Rádio Gazeta, apresentado por Antonella Petrucci e Gianpaolo Flaviolli, que Dick ouvia sempre, e ali também continuou seu interesse e envolvimento com a música italiana, ainda que no Brasil. A mãe e os irmãos vieram para o Brasil posteriormente. Antes de se dedicar à música, Dick trabalhou em uma empresa de tipografia e também em um cargo nas Lojas Garbo, e foi na década de 1960 que veio seu interesse de gravar e que surgiu seu primeiro compacto, que contou com quatro músicas. Nessa primeira parte, o artista ainda fala sobre sua primeira apresentação profissional, a abertura de um show na Rádio Clube de Santos, em 1964, em que se apresentaram nomes como Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto e Angela Maria. Em toda a fala de Dick, é possível perceber sua paixão pela música italiana, especialmente no final da primeira parte, quando o artista lembra de seu sentimento no início de sua carreira: “eu estou aqui fazendo tudo que eu gosto, eu estou aqui levando o nome da Itália para as pessoas, sabe?! Aquilo me dava uma alegria imensa!”.
PARTE 2/3
Na segunda parte, Dick comenta sobre o espaço da música italiana no Brasil na década de 1960, apontando que havia ainda uma ausência desse gênero e situando seu papel: “eu cheguei no momento certo, na hora certa”. É assim que o artista reconhece que ele se tornou um importante representante da música italiana no país, conhecido desde então como “o italianíssimo”. Como a maioria dos cantores da época, Dick conta que participava de programas de televisão e que entrou nas paradas de sucesso, tendo sido convidado para cantar na Jovem Guarda, muito em razão da gravação que realizou com o grupo The Jack Black ‘s, sucesso do momento. Da participação na Jovem Guarda, Dick comenta algumas lembranças dos bastidores do programa e o que representava a Jovem Guarda na época, compreendida por ele como um movimento musical: “programa de maior audiência da TV brasileira, nunca mais houve algo igual”, porque ali reuniam-se muitos dos artistas que estavam nas paradas de sucesso, movimentando um grande público na audiência. “Fizemos parte daquilo lá”, comenta ele, ao falar sobre as críticas: “se fez sucesso daquele jeito, não adianta você criticar… é aquilo que o público quer…”. A seu ver, a “história da jovem guarda é imortal”. Por fim, Dick fala sobre a participação no filme A Ilha dos Paqueras (1970) ao lado de Renato Aragão.
PARTE 3/3
Nesta parte, Dick comenta sobre sua atuação junto à Sociedade de Autores e Compositores Musicais (SICAM), onde foi presidente do conselho fiscal e diretor financeiro, contribuindo com serviços prestados à classe artística. Fala, ainda, sobre questões referentes ao direito autoral no Brasil. Conta sobre sua participação no musical na peça Jesus Cristo Superstar, de Altair Lima, no qual participaram nomes como Ney Latorraca e Eduardo Conde. Foi daí, segundo ele, que surgiu a ideia de fundar a gravadora Central Park Records, ainda em funcionamento, que gravava discos de vários artistas, com músicas em inglês. Dessas, Dick destaca We Said Goodbye, que na voz de Dave Maclean, se tornou um grande sucesso: “foi primeiro lugar em vários países e aqui no Brasil vendeu mais de dois milhões de discos”. Nessa parte, o artista fala também sobre seu trabalho como produtor e sobre sua autobiografia intitulada Grazie Música – A autobiografia de Dick Danello, livro que conta a história de sua vida e o lugar que a música ocupa nela. Por fim, o artista comenta outras produções em que atuou, como o filme Corrida em Busca do Amor (1972), para o qual fez algumas músicas e no qual também participou como ator, além de falar sobre seus processos de composição. A entrevista acaba com alguns comentários sobre projetos futuros, sobre seu olhar acerca da música brasileira e do lugar da música italiana hoje, a mudança no formato do consumo da música e a forma como gostaria de ser lembrado: “Uma pessoa de opiniões próprias, que gosta da boa música, que gosta de procurar talentos e que que tem algo a oferecer para as pessoas, quero ser lembrado assim, uma pessoa que tem essa visão de vida”.